quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

As marcas da nossa vida (21) - Kodak


A história da Kodak começou oficialmente em 1888, ano em que as câmaras Kodak começaram a ser comercializadas com esse nome nos EUA. No entanto, o trabalho de desenvolvimento das câmaras e a sua venda tinha começado vários anos antes (1880) pela mão do fundador da empresa, George Eastman. O nome Kodak parece não ter um propósito especial e, numa das suas biografias, o fundador afirma mesmo que o nome foi simplesmente inventado por ele.
Logo no início da sua actividade, a marca adoptou aquele que ainda hoje é um dos slogans empresariais mais conhecidos, “Você carrega no botão, nós fazemos o resto”, um slogan alusivo também à revolução tecnológica da altura, em que, pela primeira vez, a generalidade dos consumidores não entendia como funcionavam os mecanismos dos aparelhos que adquiriam.
Em 1891, a empresa introduziu os primeiros rolos fotográficos, que não necessitavam de uma sala escura para serem revelados, e também nesse ano abriu a sua primeira fábrica fora dos EUA, na Inglaterra.
Nos anos seguintes, introduziu uma grande quantidade de inovações que revolucionaram a fotografia e a tornaram acessível a praticamente todos, com câmaras de pequenas dimensões, que chegavam a custar 1 dólar. Os rolos custavam 15 cêntimos do dólar, e começava a ser notório um modelo de negócio que actualmente se apelida de razors and razor blades (em honra à Gillette), em que as câmaras eram vendidas baratas, pois o verdadeiro lucro era depois feito com os rolos. Devido a esta revolução, a empresa cresceu continuadamente e em 1907 empregava já 5000 pessoas. George Eastman era também um líder preocupado com os seus colaboradores e, em 1911, introduziu um plano de benefícios e um fundo de pensões para a sua companhia, que eram também bastante inovadores para a altura. Em 1921, este conjunto de benefícios foi alargado, com a criação de uma instituição de crédito para ajudar os colaboradores a comprarem casa.

Cartaz publicitário da Kodak, com a famosa Kodak Girl

Durante as décadas que se seguiram, a Kodak continuou o ritmo inovador e introduziu no mercado várias inovações que projectaram a fotografia amadora e profissional para níveis de excelência inimagináveis. O departamento de R&D estava em pesquisa contínua e quase todos os anos eram lançados novos produtos, entre máquinas, rolos ou outros tipos de filmes.
Em 1963 foi introduzida a Kodak Instamatic, uma máquina ainda mais fácil de utilizar e processar por parte dos fotógrafos amadores. Foi um dos maiores sucessos da marca, tendo vendido cerca de 50 milhões de unidades até 1970. A Kodak era na altura uma empresa de grandes dimensões e com resultados impressionantes. Em 1966, as vendas da empresa atingiram os 4 mil milhões de dólares e o número de colaboradores era já superior a 100 mil.
Por todos estes factores, a Kodak tinha grande sucesso, sobretudo nos EUA, uma vez que para grande parte dos americanos, os maiores momentos da sua vida tinham sido gravados com produtos Kodak, o que criou uma grande ligação entre o povo americano e a marca.

Kodak Instamatic

Em 1980, a empresa comemorou o seu centenário, e também nesse ano entrou na área do diagnóstico médico, com o KODAK EKTACHEM 400 Analyzer, produto também de estudos para outras aplicações de produtos fotográficos por parte dos seus departamentos de R&D. Essa incursão na área médica seria depois continuada com a criação da Eastman Pharmaceuticals Division, em 1986, embora esta divisão nada tivesse que ver com imagem, apenas medicamentos, sendo uma divisão diferente da companhia, que ficou na Kodak até 1994.
No ano seguinte (1981), as vendas combinadas atingiam o patamar dos 10 mil milhões de dólares.
Nos anos 90, a Kodak começou por abraçar as novas tendências na fotografia, lançando vários produtos para fotografar em formato digital, mas também programas de computador e periféricos que tornassem a experiência e o armazenamento em digital mais fáceis. No entanto, a hegemonia da Kodak já não era a mesma e a empresa foi sofrendo algumas reestruturações para acompanhar o desenvolvimento do mercado. Algumas linhas de produção, tal como alguns serviços, foram alienados, foram estabelecidas joint-ventures com algumas empresas mundiais e houve também alguns serviços e linhas de produção que passaram a ser conseguidos através de processos de outsorcing.
Os anos 90 marcaram o fim do controlo total do mercado pela Kodak, e o início dos problemas que a colocaram na situação actual. Concorrentes como a Fuji, bastante competitivos em termos de qualidade e preço, entraram em força no mercado e ganharam rapidamente quota de mercado à Kodak, que pouco pôde fazer. Após essas perdas, foram feitos vários investimentos de diversificação de produto, que não tiveram o sucesso pretendido e endividaram a empresa. Com alguma resistência das administrações, os elevados custos tiveram de ser reduzidos, incluindo cortes nos planos de benefícios aos colaboradores, pelos quais a Kodak era famosa.
Depois do choque da concorrência, veio o choque do digital, uma inovação que trouxe uma medida de avaliação completamente nova ao mercado da fotografia, e onde, apesar de todos os esforços, a Kodak não conseguiu posicionar-se como líder. A máquina digital, que foi inventada pela Kodak, requeria uma abordagem e uma estratégia diferentes face ao negócio daquela que a Kodak tinha tido na sua história. A Kodak continuou presa à sua estrutura e maneira de operar, que sempre tinha sido um sucesso, o que motivou a sua inércia face aos novos concorrentes e à perda da gigante quota de mercado que tinha mantido durante décadas, colocando-a perto do fim.
Actualmente, a empresa encontra-se às portas da falência, tendo perdido na mente do consumidor e na bolsa de valores grande parte do seu valor. Ainda existe uma “chance” para a empresa que tornou a fotografia no que é hoje e que a tornou acessível e fácil para todos, mas, mesmo que ressurja das cinzas, nunca será com uma dimensão que faça justiça ao passado glorioso.

Evolução do logótipo da marca

Fontes utilizadas:
Kodak - Site Oficial
Dearlove, Denis; Crainer, Stuart; As 50 maiores marcas, Abril/Controljornal, 1999

Reuters - Site Oficial

sábado, 21 de janeiro de 2012

Citações (15) - Casey Stengel

" A chave para ser um bom gestor é manter aqueles que o odeiam longe daqueles que ainda estão indecisos"

Casey Stengel

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Dona da Jerónimo Martins muda sede para a Holanda

É já mais que uma tendência entre os principais grupos empresariais portugueses, a da mudança das suas sedes para a Holanda, tudo com o objectivo de fugir às altas taxas de imposto praticadas em Portugal. Agora foi a Francisco Manuel dos Santos SGPS, dona da Jerónimo Martins, a transferir a sua sede para os Países Baixos, mas a verdade é que, em 2011, já 17 das 20 maiores empresas portuguesas tinham recorrido a esta estratégia, como forma de reduzir o pagamento de impostos em Portugal. Este tipo de medidas é comum um pouco por todo o mundo, havendo várias empresas sediadas nos chamados paraísos fiscais, de forma a reduzir a grande rúbrica nos resultados que são os impostos.
Esta medida dá-se em muito pela grande carga fiscal a que as SGPS estão sujeitas, sobretudo na tributação de dividendos e mais-valias, e ainda mais para dividendos obtidos em investimentos fora da UE, questões em que o regime fiscal holandês é bastante mais favorável. Esta questão toma ainda mais importância para o grupo português, uma vez que a Jerónimo Martins planeia grandes investimentos na Colômbia nos próximos anos.
Esta mudança vem relançar de novo várias discussões. O pesado sistema fiscal português é acusado de ser bastante penalizador para as empresas, em especial para as SGPS, o que tem resultado nestas mudanças. Há muito que se fala na necessidade de adoptar um sistema fiscal mais eficiente, justo e “amigo” das empresas, mas isso tarda em existir. Volta também a questão das offshores e, para além disso, torna-se necessária uma reflexão acerca da disparidade de regimes e normas entre os vários países da mesma União. Numa altura em que se pede coesão e união entre todos os países da União Europeia, uma das questões que merece estar em cima da mesa é exactamente esta da uniformização das regras do jogo dentro da UE, para evitar esta triste passagem dos recursos dos países com mais dificuldades para os mais ricos.

Fontes utilizadas:
Expresso - site
Público - site
Diário de Notícias - site
Diário Económico - site