segunda-feira, 6 de agosto de 2012

As marcas da nossa vida (24) - Nokia

A história da Nokia começa no ano de 1865, quando ainda nem se sonhava com o desenvolvimento do telemóvel. O primeiro passo para a criação da empresa é dado numa área de negócio distante das telecomunicações – a produção de papel. O engenheiro de minas Fredrik Idestam começou nesse ano, na Finlândia, a sua empresa de produção de papel. Uma das suas fábricas estava situada nas margens do rio Nokianvirta, facto que serviu de inspiração para a adopção de Nokia Ab para nome da empresa. 
No entanto, a história da Nokia não se resume ao desenvolvimento apenas dessa empresa, mas sim também de outras duas. Em 1898, a Finnish Rubber Works foi fundada por Eduard Polón, tendo como negócio principal a produção de artigos de borracha, desde pneus a galochas. A outra empresa que fez parte da génese da Nokia foi a Finnish Cable Works, criada no ano de 1912 por Arvid Wickström, que, até ser englobada no grupo Nokia nos anos 60, se dedicou à produção de produtos electrónicos, computadores e telecomunicações. 
As três empresas já eram detidas conjuntamente desde 1922, mas apenas em 1967 se deu a fusão entre elas, para originar a Nokia Corporation. Por essa altura, começavam a ser dados os primeiros passos para a revolução nas telecomunicações, e foi nesse ramo de negócio que a Nokia se especializou. 
No início dos anos 80, a Nokia começou a desenvolver os produtos na área das telecomunicações que a tornaram pioneira e viriam a garantir a posição de liderança desse mercado durante anos. Desde os primeiros telemóveis e telefones para automóveis, que apesar de terem um preço bastante alto se tornaram sucessos, até à primeira rede móvel internacional, a Nordic Mobile Telephone foi a primeira a permitir serviços de roaming internacional. 
Em 1987, a rede GSM (Global System for Mobile communications) é adoptada como a standard de referência para comunicações digitais na Europa. Este passo permitiu um aumento substancial na qualidade das comunicações, o que também se tornou estratégico para a revolução móvel. 
No ano de 1992, a Nokia lança o 1011, o seu primeiro modelo adaptado às comunicações digitais. Também nesse ano, o CEO da Nokia, Jorma Ollila, toma a decisão estratégica de alienar as divisões de produção de borracha, cablagem e consumer electronics, passando o foco da empresa inteiramente para as comunicações móveis.
Nokia 1011

Em 1994, a Nokia lançou a série 2100, que teve como característica o facto de ter sido a primeira série de telemóveis Nokia a vir de origem com o toque “Nokia Tune”, um toque de telemóvel que se tornou icónico e actualmente reconhecido em todo o mundo. Esta série de telemóveis tinha como previsão de vendas as 400 mil unidades, mas durante o seu ciclo de vida vendeu 20 milhões de unidades. Outra atracção ao nível dos telemóveis Nokia que se tornou icónica foi o jogo “Snake”, disponível nos telemóveis da marca desde 1997. 
No ano de 1998 a empresa finlandesa era já a líder destacada do mercado dos telemóveis, tendo lucros cada vez maiores, fruto da sua crescente popularidade.
O início dos anos 2000 trouxe outra revolução ao mercado dos telemóveis. O acesso à internet nos dispositivos móveis permitiu o desenvolvimento de diversas aplicações, como a leitura do e-mail. Também nessa altura foram introduzidas as câmaras de fotografar e filmar, e assim apareceram os primeiros Nokia com essas funcionalidades. 
Durante todo o desenvolvimento da sua divisão de telemóveis, a Nokia foi também implementando boas práticas ambientais ao nível da produção e reciclagem dos telemóveis, o que levou a empresa a obter boas pontuações em índices de sustentabilidade. 
Apesar de todo este sucesso e do domínio absoluto do mercado dos telemóveis, por volta do ano 2010, a empresa teve que fazer face ao maior desafio até aí criado pela concorrência – o mercado dos smart phones. A Nokia não se conseguiu adaptar à concorrência da Apple e do sistema Android e perdeu assim a posição de liderança, passando para segundo plano no que toca ao mercado móvel. As tentativas de contornar este problema foram muitas, mas poucas tiveram sucesso. 
A perda da posição de liderança, a quebra na imagem perante os consumidores e também os prejuízos crescentes levaram a uma restruturação da empresa. Uma das políticas foi a parceria estabelecida com a Microsoft, que também tem como grande rival a Apple, para a criação conjunta de smart phones. Na sua já centenária história, a Nokia passou de produtora de papel e borracha até ao topo da hierarquia do enorme mercado dos telemóveis. Durante muitos anos esteve sempre um passo à frente da concorrência, criou uma marca forte e os Nokia acompanharam muitos utilizadores durante vários anos. No entanto, a empresa também se tornou caso de estudo pelos piores motivos. A incapacidade de fazer frente a uma nova revolução do seu mercado e também o atraso no desenvolvimento de uma resposta capaz causaram grandes danos à sua imagem e estabilidade. Num mercado como o tecnológico, onde todos os dias aparecem novidades, a inércia é perigosa. Para toda a indústria, a Nokia continua a ser um gigante, mas que precisa de se reinventar e voltar aos tempos da inovação. 


Fontes utilizadas:
Nokia - Site Oficial