terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Leituras (10) - Like a Virgin – Secrets they won’t teach you at business school, de Richard Branson


Richard Branson, fundador do Grupo Virgin, é frequentemente aclamado como um dos mais icónicos empresários e empreendedores a nível mundial. Para além de fundador de diversos negócios e de se manter à frente dos destinos do grupo que criou, Branson tem adicionalmente feito notar-se pela sua faceta solidária e também de eterno rebelde e aventureiro. Nestas últimas contam-se a criação de diversas fundações, sempre associadas à marca Virgin, e de programas de apoio ao empreendedorismo, entre outros exemplos. Aventuras como voltas ao mundo em balão, travessias do Canal da Mancha e um constante “apetite” por desportos radicais são apenas alguns dos exemplos que ilustram a vertente mais aventureira. 
Richard Branson tem já um número considerável de publicações onde faz o relato da sua experiência de vida e enquanto empresário de sucesso. Este Like a Virgin – Secrets they won’t teach you at business school (Virgin Books, 2012) é o seu mais recente relato.
Tal como o título indica e tal como Richard Branson dá a entender ao leitor logo no início do livro, o objectivo é o de passar uma visão do mundo de negócios real, dando-nos o seu ponto de vista experiente e tentando “ensinar” alguns aspectos que muitas vezes as escolas de negócios acabam por negligenciar, ou para os quais o verdadeiro tacto só surge com a experiência de trabalho. Apesar do título, Richard Branson releva também o papel fundamental que uma experiência académica oferece. O livro em si é um conjunto de pequenos capítulos, cada um alusivo a um certo tópico, havendo também vários que são efectivamente simples respostas de Branson a perguntas que lhe são endereçadas por vários empreendedores espalhados pelo mundo. O registo em todo o livro é informal e descontraído, misturando em cada capítulo uma série de conselhos para qualquer pessoa de negócios e empreendedora, muitas vezes ilustrados com exemplos reais da experiência de Branson e do Grupo Virgin.
Os livros com relatos de experiências na área dos negócios têm, como é certo, o valor que lhes decidirmos atribuir, mas quase sempre são uma fonte importante e interessante de aconselhamento e aprendizagem, nem que seja pelo facto de ganharmos outros pontos de vista, em especial quando os seus autores são tão icónicos quanto Branson.
Sobretudo numa era em que vivemos de perto as consequências de um mundo de negócios extremamente focado em lucros e valores contabilísticos, e também numa altura em que caminhamos para uma gestão mais humanista, os “ensinamentos” de Richard Branson ganham relevo acrescido. Uma das ideias transversais a todo o livro é a extrema importância dos recursos humanos de uma empresa para o seu sucesso, e a relevância que tem o conseguir manter uma força de trabalho motivada e alegre para prosseguir com o seu trabalho. Para além disso, Branson releva também a importância de um grande serviço ao consumidor, de uma permanente atenção e dedicação aos clientes, dando exemplos que ilustram que por vezes o mais pequeno pormenor pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso. Branson mantém também constante um terceiro em termos de aconselhamento: a importância de nos divertirmos a fazer o nosso trabalho. Várias vezes se lê que se não acharmos graça ao que fazemos o nosso trabalho não faz sentido.
Neste livro, Branson dá-nos não só a sua perspectiva de líder de um bem sucedido grupo empresarial, mas também a do seu fundador, a do empreendedor que o criou do zero e levou ao sucesso. Desta forma, muitos conselhos ficam também para qualquer empreendedor. A importância de uma ideia bem delineada e inovadora, a necessidade de correr riscos e a importância de vários factores como a família e as inevitáveis fontes de financiamento no sucesso de um novo negócio são alguns dos passos analisados.
Um livro descontraído, fácil e até divertido de ler, que transmite várias ideias e pensamentos sobre maneiras de fazer negócios. Alguns destes vão algumas vezes de encontro ao que se pratica em algumas indústrias e também a algumas teorias de gestão, mas cada vez mais são relevantes para uma melhor compreensão das dinâmicas futuras das empresas. Não só inovador na maneira de pensar a empresa, Richard Branson mostra-se também inovador nos sectores em que aposta. Em mais do que um capítulo, o leitor é alertado para a influência que fenómenos como o aquecimento global e as consequentes alterações climáticas podem ter na nossa vida futura, ficando também o alerta para o que se pode fazer para solucionar este problema. Segundo Branson, não devemos fugir a estes problemas, mas sim encontrar neles uma oportunidade de negócio, que nos permita simultaneamente criar novos empregos e oportunidades, ao mesmo tempo que damos um contributo fundamental para um planeta mais equilibrado, e até possivelmente criar lucro fazendo tudo isto. É sem dúvida algo a pensar.
Tal como já referido, é um livro fácil de ler, muito devido à divisão em pequenos capítulos (em geral com pouco mais de 3 páginas) e ao estilo informal de escrita. Por enquanto não existe disponível no mercado uma versão em português, pelo que os seguintes sublinhados aparecerão em inglês, tal como no livro original.


Sublinhados:

“For me, building a business is all about doing something to be proud of, bringing talented people together and creating something that’s going to make a real difference to other people’s lives.”

“To be a good leader you have to be a great listener. Sure, you need to know your own mind, but there is no point in imposing your views on others without some debate and a degree of consensus. No one has a monopoly on good ideas or good advice.”

“Be flexible, because, just as lack of planning can be a problem, adhering blindly to your plan is a sure-fire way to steer your company off a cliff. A successful entrepreneur will constantly adjust course without losing sight of the final destination.”

“By maintaining the health and mental wellbeing of your staff you are simply protecting the company’s greatest asset – your people. If you map out their needs and find solutions, you’ll see a huge payoff in terms of their creativity, energy, enthusiasm and teamwork – and, ultimately, in the success of your business.”

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Jerónimo Martins e Sonae nas maiores retalhistas mundiais

Recentemente, a Deloitte publicou um estudo acerca da indústria do retalho a nível mundial, relativo ao ano fiscal de 2011, e duas empresas portuguesas aparecem bem posicionadas.
A Jerónimo Martins ocupa agora a 76ª posição nos maiores retalhistas mundiais, o que representa uma subida de 5 lugares em relação ao ano passado. A Sonae apresenta-se este ano na 148ª posição. No entanto, a Jerónimo Martins apareceu este ano colocada ainda na 22ª posição entre as 50 retalhistas que mais cresceram nos últimos 5 anos, o que ilustra o crescimento recente da retalhista de origem portuguesa. De ressalvar ainda que este índice não conta apenas com as empresas do retalho alimentar e ligada aos super e hipermercados. Nesta lista está presente a generalidade dos sectores do retalho, desde Moda e acessórios a FMCG.

O estudo mostra também que, apesar do clima económico desfavorável que se viveu no último ano, as vendas globais dos retalhistas aumentaram cerca de 5%. 
O ranking das maiores retalhistas mundiais é encabeçado pela norte-americana Wal-Mart. Em segundo lugar aparece o Carrefour (França) e a completar o "pódio" surge a britânica Tesco.


Fontes utlizadas:
Público.pt
Deloitte - 2013 Global Powers of Retailing



quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Samsung Portugal e os desejos dos bloggers para 2013

No dia de hoje, um assunto mereceu elevada atenção e comentário nas redes sociais e também na imprensa online. A Samsung Portugal lançou um conjunto de vídeos onde vários bloggers portugueses partilhavam as suas aspirações e desejos para o novo ano. Segundo a página do Facebook da empresa, “A campanha ‘Desejos para 2013’ pretendia partilhar um conjunto de aspirações pessoais e profissionais para o novo ano.”.
Apesar do objectivo da iniciativa, esta ganhou toda uma popularidade negativa, pela forma como os bloggers, em especial num dos casos, falavam sobre as perspectivas de futuro. Filipa Xavier, ou “Pepa”, como ficou conhecida, blogger do Fashion a Porter (http://www.fashionaporterbypepa.com/), partilhou de forma demasiado pessoal os seus desejos, e a crítica estalou. A maneira informal (talvez em demasia) como o relato dos desejos é feita, aliada à muito apontada futilidade dos objectivos de ano novo, gerou uma enorme onda de comentários negativos. A ideia que marcou os espectadores do vídeo foi que o grande objectivo de “Pepa” era conseguir adquirir com o seu próprio dinheiro uma simples mala Chanel, marca associada imediatamente a produtos de luxo e a preços elevados. 
Com toda a atenção negativa que a campanha gerou, no fim do dia a Samsung Portugal retirou a campanha do ar, e publicou na sua página do Facebook um pedido de desculpas.
A iniciativa tinha um objectivo interessante, o de mostrar as perspectivas de ano novo de vários bloggers. Poderia ter relevo pois a independência de pensamento e de ideias destes autores, em conjunto com a noção que possuem das realidades sobre as quais escrevem e pensam, e também com as ideias que recolhem dos seus leitores, poderia trazer pontos de vista interessantes sobre o 2013 em que agora entrámos. No entanto, o ponto de vista demasiado pessoal e, pelo menos no caso acima relatado, completamente descontextualizado da realidade nacional, marcaram negativamente toda a iniciativa. Mesmo sendo passível de discussão a relação entre a campanha e a marca Samsung, a iniciativa tem o seu crédito em termos de ideia, mas que não justificou em termos de execução. Embora mais provas não fossem de todo necessárias, as redes sociais mostraram mais uma vez a sua influência e rapidez de acção. Em poucas horas, o vídeo foi partilhado por diversos utilizadores, gerando um verdadeiro efeito amplificador sobre o tema. Os comentários e opiniões multiplicaram-se rapidamente, o que acabou por levar a Samsung a retirar a campanha do ar. 
Como diria Oscar Wilde, pior coisa que falarem mal de nós é não falarem sobre nós de todo e, sem dúvida, Filipa Xavier e a Samsung andaram hoje nas bocas de Portugal inteiro. No entanto, e apesar da fama quase instantânea da campanha, os riscos são grandes. Os valores demonstrados pelos intervenientes nos vídeos podem ser associados à marca no geral, o que pode denegrir a imagem da empresa. Nem sempre as empresas conseguem ainda gerir a sua relação com as redes sociais, o seu alcance e rapidez, e este foi sem dúvida um exemplo de uma campanha que gerou popularidade (ainda que por motivos menos positivos), mas que, mesmo apesar da rápida acção da Samsung, pode ter denegrido a sua imagem.

Aqui fica o vídeo em questão: