sábado, 15 de janeiro de 2011

Timberland - Lucros e Consciência Ambiental



A Timberland, marca americana considerada um dos pesos pesados da indústria do calçado e do vestuário, é actualmente um dos exemplos a seguir no que toca a responsabilidade ambiental e na maneira como se pode aliar lucro e uma consciência mais verde.
Em 2010, atingiu o segundo lugar no ranking da ONG Climate Counts das empresas que estão a tomar medidas mais agressivas no combate às alterações climatéricas.
Este patamar foi atingido sobretudo pelas medidas que a empresa tomou nos últimos anos, e que, para além de reduzirem em muito a pegada ambiental da marca, trouxeram ainda grandes perspectivas de lucro, sobretudo desde a chegada à chefia da empresa de Jeffrey Swartz, neto do fundador da Timberland e um verdadeiro entusiasta das políticas ambientais.
A primeira grande medida surgiu em 2006, quando a marca adoptou uma etiqueta para o seu calçado que, para além de revelar o país de fabrico e os materiais utilizados, revela também o impacto ambiental que a produção do artigo em questão teve. Esta ideia, muito criticada e até ridicularizada pelos concorrentes da indústria do calçado, começa já a ser encarada como uma política a adoptar por esses mesmos concorrentes.
Jeffrey Swartz afirma, em entrevista à revista Visão (nº931, de 6 a 12 de Janeiro de 2011), que leu uma crónica acerca da possibilidade de reutilizar os grãos de café após a sua utilização, tendo apresentado a ideia a um dos grupos de desenvolvimento da marca e, seis meses depois, apareceu o S Café, um blusão integralmente produzido à base de grãos de café e garrafas de refrigerantes reciclados, que, segundo o líder da Timberland, é tão confortável quanto qualquer outro produto da marca e também impermeável.
Esta noção do potencial que os produtos reciclados podiam ter na produção da marca levou à criação da linha Earthkeepers, que primeiro se cingiu às famosas botas Timberland, mas que agora se estende já ao vestuário. Para as botas desta colecção a empresa começou a utilizar borracha preparada a partir de pneus reciclados nas solas e também reforço interior de fios de casca de coco.
Actualmente, esta linha de produtos é a que regista o maior crescimento na procura, crescimento esse que foi da ordem dos 300% nos EUA e que representa já cerca de 10% da facturação da marca, afirmando Jeffrey Swartz que esta linha tem potencial para atingir os 250 milhões de dólares em volume de negócio. Este aumento da procura mostra a preocupação crescente dos consumidores por produtos ecologicamente responsáveis e também o aparecimento de um mercado completamente novo, com novos padrões de consumo e com enorme potencial de crescimento, mas que por vezes ainda não é totalmente aproveitado e respeitado pelas empresas.
Outra das medidas ambientais que teve também um impacto significativo nas contas da empresa foi a substituição, em 2009, de todas as lâmpadas tradicionais das lojas da marca nos EUA por lâmpadas com tecnologia LED, o que representa uma diminuição da pegada ambiental da empresa em cerca de 11%. Com esta medida, a empresa previa uma poupança de 75 mil dólares anuais, e um retorno do investimento no prazo de um ano, mas na realidade, a poupança é bastante maior, chegando aos 120 mil dólares anuais.
Desta forma, a Timberland é um exemplo no que toca a práticas ambientais, demonstrando a todo o mundo empresarial que um maior respeito pelo ambiente, para além de um conforto moral, pode ser sinónimo de poupança, redução nos gastos e de novas oportunidades de negócio, havendo grande possibilidade de arrecadar lucros, já que os consumidores começam cada vez mais a procurar produtos com pegada ambiental mais reduzida e a valorizar a preocupação das empresas com o ambiente nas suas escolhas.

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