domingo, 26 de fevereiro de 2012

Efeitos das crises na saúde das pessoas

Um estudo da revista médica americana “The Lancet” sobre os efeitos das crises na saúde pública revela dados e correlações interessantes, mas ao mesmo tempo preocupantes. A amostra foi recolhida em 26 países europeus entre os anos de 1970 e 2006.
Segundo o estudo, uma subida de 1% na taxa de desemprego levou, em média, a um aumento quase na mesma proporção (0,79%) na taxa de suicídio de indivíduos com menos de 64 anos. Em Portugal, este indicador é ainda mais preocupante, referindo os dados que uma subida de 1% no desemprego leva a um aumento de 4,4% na taxa de suicídios. Para além do impacto na taxa de suicídios, também ficou patente uma relação entre o desemprego e o maior consumo de bebidas alcoólicas e a incidência de algumas doenças como diabetes ou cancro do pulmão.
No entanto, deste estudo saiu também uma conclusão mais animadora. Apesar do aumento assustador das taxas de suicídio, concluiu-se que, em períodos de contracção económica e crise, a esperança média de vida dos países aumenta, mesmo tendo em conta os problemas de saúde trazidos pelo desemprego atrás referidos. Este aumento da longevidade dos cidadãos deve-se, segundo a revista, a vários factores, de entre os quais se salienta que nos períodos de crise as pessoas recorrem menos aos automóveis, o que significa menos carros nas estradas e menos acidentes rodoviários. O impacto deste factor na mortalidade é esperado, uma vez que a sinistralidade rodoviária é uma das principais causas de morte nos países desenvolvidos.
A acrescer à redução das mortes na estrada, o estudo concluiu também que em períodos de crise tanto a obesidade como o consumo de tabaco tendem a diminuir, bem como também houve dados indicadores da diminuição do stresse laboral e da poluição (provavelmente relacionada com a diminuição do trânsito), tendo estes factores um grande impacto na diminuição das doenças do foro cardíaco.
Em Portugal, por exemplo, entre 2008 e 2010, a esperança média de vida cresceu 0,32 anos, para os 79,2, o maior salto neste indicador desde 2004.
O estudo salienta ainda que, apesar deste indicador positivo, as suas conclusões não devem ser precipitadas, uma vez que é feito essencialmente com base em médias estatísticas, o que faz com que a realidade da situação de alguns grupos sociais, em especial os mais desfavorecidos, seja enviesada estatisticamente, podendo a realidade nesses grupos ser totalmente diferente.

Fontes utilizadas:
Expresso Economia nº2052, 25 de Fevereiro de 2012

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