segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Leituras (3) - "Economia Portuguesa, as últimas décadas" de Luciano Amaral



Recentemente, a Fundação Francisco Manuel dos Santos (que apresenta como objectivo principal a promoção e o estudo da realidade portuguesa, sendo responsável por vários projectos, como o portal Pordata) lançou um conjunto de estudos precisamente sobre a realidade portuguesa em várias áreas, desde a educação à economia, passando ainda pela justiça fiscal.
Um desses ensaios, da autoria de Luciano Amaral, intitula-se Economia Portuguesa, as últimas décadas, e faz uma análise do que tem sido a economia portuguesa pós-25 de Abril, e de quais têm sido os principais problemas, mas também virtudes da nossa economia nestes últimos 35 anos, responsáveis pelo estado em que hoje nos encontramos.
O livro faz assim um retrato detalhado dos acontecimentos económicos que colocaram Portugal na difícil situação em que se encontra actualmente, dando como exemplo o descalabro em termos de aumentos salariais em 1975, a fraca produtividade dos trabalhadores portugueses face aos seus salários, a entrada no euro e as condições que se têm criado para a expansão do sector não transaccionável da economia como algumas das principais razões para o descontrolo económico do país durante grande parte das últimas décadas. É ainda feita uma análise à relação existente entre a educação e o desenvolvimento económico, aposta que em Portugal não tem tido os efeitos pretendidos. Apesar de tudo, ao longo do livro vemos também que em Portugal também tem havido boas práticas económicas que nos levaram a bons ritmos de crescimento sobretudo no início dos anos 90, e que chegaram a catapultar a nossa economia como um caso de sucesso e de estudo.
Apesar de se tratar de um livro de economia, todo o texto está escrito de uma maneira bastante acessível, onde não abunda uma linguagem demasiadamente técnica, ou seja, que pode ser lido facilmente por qualquer pessoa sem grandes conhecimentos na área económica, havendo inclusive, um glossário no final onde estão presentes as definições dos poucos termos menos acessíveis utilizados na obra.


Sublinhados:
“A importância do Estado para o aumento do investimento no país é indubitável. Mais problemática é a qualidade desse investimento.”

“Por vezes a relação é estabelecida de forma quase directa: mais educação seria igual a mais crescimento económico. Sem negar a importância da formação escolar, veremos mais adiante que, tanto a nível social como económico os seus efeitos benéficos são um pouco menos óbvios. Eis algo que, entre outras coisas, tem consequências para a própria política educativa, nomeadamente quando tanta esperança é colocada na relação directa entre gasto público e aumento dos níveis educacionais.”

“Curiosamente, esta actividade permanente acaba por representar um obstáculo à capacidade do Estado-Providência para cumprir o objectivo da igualdade de rendimento. É que o frenesim reivindicativo a que se sujeita conduz à criação de especialistas em reivindicação, cuja tarefa é obterem as melhores condições de remuneração possíveis. Só que estes especialistas não correspondem necessariamente aos mais carentes, mas apenas aos mais capazes de negociar.”

1 comentário:

  1. Enquanto estava na fla da caixa no Pingo Doce, este livro chamou-me a atenção e comprei-o.
    É de facto muito interessante e considero até uma leitura essencial para que se possa entender a situação em que estamos enquanto País e a partir daí poder ter um juizo critico sobre as opções que nos apresentam como soluções. O resumo que aqui apresenta é de facto muito fiel ao que se pode esperar deste trabalho.

    ResponderEliminar