terça-feira, 20 de setembro de 2011

As marcas da nossa vida (16) - Hewlett-Packard


A história da Hewlett-Packard (HP) começou quando dois recém-formados engenheiros pela Universidade de Stanford se conheceram. Bill Hewlett e Dave Packard tornaram-se amigos em 1934 e, três anos depois, deram início à HP numa garagem situada na cidade de Palo Alto, na Califórnia. Actualmente, esta cidade é sede de muitas empresas ligadas ao ramo das tecnologias, fazendo parte do chamado Sillicon Valley.
Em 1938, foi lançado o primeiro produto da empresa, um oscilador, aparelho que servia para emitir tons puros e tinha aplicação na manutenção de linhas de rádio e telefone. A actividade já tinha começado mas só em 1939 o nome final ficou estabelecido, pois havia a indecisão sobre qual dos nomes dos sócios devia ficar em primeiro lugar. A discussão ficou resolvida com um lançamento de moeda ao ar.
Em 1940, a empresa deixou a garagem-berço e mudou-se para um edifício alugado, também na cidade de Palo Alto. Ainda nesse ano, a HP instituiu um bónus de Natal para os colaboradores e também bónus de produtividade, deixando registado nas fundações da marca o princípio de partilha de resultados. Após os bónus, foi também atribuído aos colaboradores da empresa um sistema pioneiro de seguros de saúde.
Um ano depois, a HP lançou-se num novo mercado, o de medição de ondas. Nos anos seguintes, este tipo de produtos, de análise de ondas e frequências, continuou a ser a principal actividade da empresa. Prosseguiu o lançamento dos osciladores, mas também de contadores de alta-frequência e de osciloscópios.
A HP começou desde cedo a ser também uma referência no que toca a relação e preocupação com os colaboradores. Para além dos programas já atrás referidos, começou em 1957 com um programa de partilha de acções da empresa com os colaboradores, introduziu um programa de objectivos que tinha como principal função a passagem de algum poder de decisão para os empregados e a construção de uma organização mais horizontal. O programa de partilha de acções obrigou a empresa a abrir-se ao público, tendo as primeiras acções sido comercializadas a 16 dólares, ainda em 1957. Em 1958, a empresa contava já com mais de 1700 colaboradores e atingia já lucros de 28 milhões de dólares.
Em 1959, a marca procedeu ao plano de internacionalização, com a abertura de uma fábrica na Alemanha e de uma sede de marketing na Suíça. Este plano deu início a uma série de acontecimentos que projectaram ainda mais a empresa. No começo dos anos 60, a empresa foi cotada pela primeira vez no NYSE, o índice bolsista de Nova Iorque e entrou na produção de artigos para a área da medicina. A expansão da marca era notória e, em 1962, a empresa entrou para o Fortune 500, a lista das maiores empresas americanas, começando por ocupar o 460º lugar (actualmente ocupa o 11º). Este início de década agitado foi apenas o prenúncio do que chegaria. Ainda nessa década, a HP lançou-se no mercado asiático através duma joint venture com a japonesa Yokogawa, abriu os seus laboratórios de investigação e lançou o seu primeiro computador em 1966, conhecido pela referência HP 2116A.


HP 2116A - o 1º computador da marca

Após a entrada na era dos computadores, a HP lançou-se também na produção de calculadoras. As primeiras lançadas foram revolucionárias pelo seu tamanho reduzido e capacidade de computação, tornando obsoletos alguns objectos mais rudimentares de contagem e medição.
O desenvolvimento de computadores e instrumentos de cálculo apurados continuou nos anos seguintes (década de 1970), tendo a HP sido uma das mais inovadoras empresas do ramo, introduzindo várias modificações que em muito contribuíram para o conceito de PC que hoje temos.
Em 1979, um dos engenheiros da empresa descobriu um processo de aquecimento de metal que levava a que este se espalhasse de determinada forma. A exploração desta descoberta criou o negócio dos tinteiros da empresa. Em 1984, foi lançada a primeira impressora (como nós conhecemos) HP, mais silenciosa, eficaz e poderosa que todas as outras até aí lançadas.
Novamente um passo à frente da concorrência, até em questões menos corporativas, a HP começou em 1987 um programa de reciclagem de hardware.
Em 1989, a garagem onde tudo começou foi assinalada como lugar histórico, por ter desencadeado o processo de criação de Sillicon Valley.
Em 1996, Dave Packard faleceu, depois de ter mantido funções de chairman na empresa até 1993. Cinco anos depois, deu-se a morte do outro fundador, Bill Hewlett.
Actualmente, o CEO da empresa é Léo Apotheker e a HP é considerada a maior empresa de IT mundial. Emprega mais de 300 mil pessoas e tem negócios em 170 países.
A HP é verdadeiramente um colosso da tecnologia e da sua história podem ser retiradas muitas lições de gestão. Os dois fundadores da empresa sempre tentaram obedecer a um conjunto de regras e princípios que projectaram a marca para o que ela é hoje. A simplicidade, a inovação, o respeito e preocupação pelos colaboradores, a comunicação na empresa, entre outros, são atitudes que têm importância fundamental no sucesso de uma empresa. Dave Packard e Bill Hewlett eram adeptos de ideias simples, procuravam a proximidade com os empregados , o respeito e a confiança nestes acima de tudo. Para além disso, a liderança de cada produto era o objectivo, e para isso era dado grande ênfase à inovação e tecnologia produzidas internamente e às ideias que vinham de dentro da empresa, fosse de quem fosse. Estes ensinamentos não são regras infalíveis, mas na maior parte dos casos fazem toda a diferença no sucesso ou insucesso de uma organização.

Para ilustrar este facto, aqui ficam algumas palavras de Bill Hewlett:
“Se as pessoas tomarem parte no processo de tomada das decisões em que vão estar envolvidas, irão ser muito mais eficazes na implementação dessas mesmas decisões.”

Fontes utilizadas:
HP - Site Oficial
CNN Money - Site
Dearlove, Denis; Crainer, Stuart; As 50 maiores marcas, Abril/Controljornal, 1999


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