quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Luís Mira Amaral na Ensino Magazine

Na edição nº 150 da Ensino Magazine, de Agosto de 2010, Luís Mira Amaral, economista e presidente do Banco BIC português dá uma entrevista, fazendo a sua análise ao actual estado da economia e da educação em Portugal.
Na entrevista, o antigo ministro revela as suas perspectivas pouco animadoras face à actual situação portuguesa, retratando e criticando algumas da políticas que foram tomadas pelos sucessivos governos, sobretudo no período após a entrada no euro, e sugerindo ainda alguns reparos que considera necessários para que a economia portuguesa possa ter melhores dias num futuro próximo.
Para além de economia, Mira Amaral fala também de educação e da relação que a falta de rigor e os facilitismos do nosso sistema educativo têm com a situação económica do país, sobretudo com o problema do desemprego. É particularmente analisada a situação actual das Universidades, tanto públicas como privadas, que formam alunos em excesso em determinadas áreas, promovendo o desemprego, quando há depois falta de profissionais em muitas outras áreas, para além da falta de qualificações com que muitos jovens chegam ao mercado de trabalho.

Da entrevista destaco quatro citações:
1.“Os engenheiros civis sabem que um edifício aparentemente muito sólido é o primeiro a ceder a um tremor de terra. Os edifícios que resistem são os que mexem, abanam, mas não quebram. Esta imagem quer dizer que os sistemas abertos ao exterior têm de ter graus de liberdade que se acomodem aos choques externos. No tempo do escudo tínhamos instrumentos que permitiam controlar as crises. Quando entrámos na moeda única perdemos esse instrumento e devíamos ter começado a flexibilizar os mercados de trabalho e emprego, apostar na educação e na qualificação, de modo a aumentar a produtividade, etc. O desemprego galopante e o desequilíbrio das finanças públicas são apenas duas consequências de nada ter sido feito.”

2.“O sistema de ensino tem formado gente em demasia para determinadas áreas e esqueceu o ensino técnico e os quadros intermédios que as PME precisam como de pão para a boca. Quis tudo ser doutor e engenheiro e agora há muito gente sem qualificações adequadas para o mercado de emprego.”

3.“A escola transmite sinais de facilitismo que a vida real não tem. A vida profissional dos jovens de hoje é muito mais dura do que foi a minha, mas não é essa a mensagem que passa durante as aulas. Estão a ver o filme ao contrário. O cenário lá fora é de tremenda competição e o desemprego agravou as dificuldades.”

4.“Tem-se gasto muito dinheiro no sector do ensino, mas muito mal gasto. O sistema não precisa de mais dinheiro, precisa é de rigor e competência. Urge acabar com o facilitismo instalado.”

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