domingo, 31 de julho de 2011

As marcas da nossa vida (13) - Jerónimo Martins

Corria o ano de 1792 quando um jovem, de nome Jerónimo Martins, abriu o seu negócio em pleno Chiado, na Rua Ivens. A sua tenda, como eram apelidados na altura este tipo de estabelecimentos, comercializava um pouco de tudo, desde produtos alimentares até utensílios domésticos. A loja foi ganhando a sua fama e influência no comércio lisboeta, tendo como clientes muitas das famílias da classe alta, incluindo a própria Casa Real Portuguesa, da qual recebeu o alvará de fornecedora oficial em 1797, concedido já ao filho do fundador, que dirigia a tenda desde a morte do seu pai.
Este sucesso no comércio lisboeta manteve-se, mas mesmo assim não ilibou a empresa de passar por momentos de aperto, muito por culpa dos seus donos, já na altura em que o negócio pertencia aos netos do fundador. Um dos dois netos mantinha hábitos e vícios que custavam caro e ameaçaram a estabilidade financeira da empresa. Nesta altura (1878), o outro neto, João António Martins, tomou as rédeas do negócio e, a muito custo, conseguiu endireitá-lo e direccioná-lo novamente para o caminho de prosperidade. Após a sua morte, e como não tinha descendentes, o estabelecimento ficou entregue aos funcionários mais capazes, tendência essa, de passagem da liderança de funcionário em funcionário, que se manteve.
Com a revolução económica e no consumo deixada como herança da 1ª Guerra Mundial, a Jerónimo Martins passou por novo período de crise. A salvação do estabelecimento apareceu pela mão de um grupo oriundo do Norte do país, os Grandes Armazéns Reunidos. Assim, nasceram os Estabelecimentos Jerónimo Martins & Filho. Foi nesta altura que o negócio passou para o controlo da família do actual presidente do Grupo, a Família Soares dos Santos, pois um dos dois directores dos estabelecimentos agora criados era Francisco Manuel dos Santos.

Loja Original no Chiado

Com a fusão, surgiu também a reestruturação do negócio e a recuperação do estatuto na sociedade lisboeta. Em 1930, a Jerónimo Martins foi a primeira empresa a pagar um subsídio de Natal aos seus trabalhadores e, em 1938, o negócio da empresa estendia-se à produção alimentar com a criação da FIMA, Fábrica Imperial de Margarina, Lda.
Com a expansão do grupo para a área industrial, a Jerónimo Martins cresceu e ganhou protagonismo, acrescido ainda com a criação de uma joint-venture (associação de empresas) entre o grupo português e a Unilever, gigante da distribuição anglo-holandesa, no ano de 1949. Esta associação entre as empresas foi responsável pelo aparecimento de marcas reconhecidas do retalho português, como a «Olá», que surgiu em 1959, através da compra da empresa de produção de gelados «Esquimó», ou a «Iglo», que integrou a joint-venture em 1970.
Em 1980, nasceu uma das principais insígnias do grupo, a rede de supermercados Pingo Doce. Em 1985, foi criada a Jerónimo Martins Distribuição e, ainda nesse ano, a empresa assumiu o papel de holding.
Os anos 80 foram de clara expansão para o Grupo, também com a aquisição em 1988 da empresa de cashandcarry Recheio, e, em 1989, da «Gallo», a conhecida marca de azeite. Foi ainda no ano de 1989 que se deu a entrada em Bolsa do Grupo Jerónimo Martins. Em 1990, novamente em associação, desta vez com a empresa alemã Douglas Ag, a Jerónimo Martins trouxe para Portugal a Hussel, conhecida marca chocolateira.
Na década de 90, a estratégia da empresa passou muito pela internacionalização do Grupo. A Jerónimo Martins chegou assim à Polónia em 1995, através da aquisição de um grupo de cashandcarry (Eurocash), e ao Brasil em 1997, com a aquisição de uma rede de supermercados de bairro. Ainda nesse ano, adquiriu a rede polaca de supermercados Biedronka, uma das jóias do grupo actualmente.
Já nos anos 2000, a empresa repensou a sua estrutura, alienando algumas participações e apostando mais forte nas que mais garantias ofereciam. Assim, foi notório o crescimento tanto do Pingo Doce em Portugal como da operação polaca, com o Biedronka.
A empresa lançou-se também este ano, através da sua marca «Recheio», no segmento dos supermercados de bairro em Portugal, com o lançamento da cadeia «Amanhecer».
Actualmente, a Jerónimo Martins, e em especial a família do seu Presidente do Conselho de Administração, Alexandre Soares dos Santos, são também conhecidos pelo trabalho da Fundação Francisco Manuel dos Santos, presidida por António Barreto, que tem como principal objectivo estimular o estudo da realidade portuguesa, promovendo assim um maior conhecimento da população de várias realidades do seu país. Entre outras iniciativas, a Fundação tem publicado vários ensaios, escritos por personalidades de várias áreas, acerca da realidade de Portugal, seja na Economia, na Educação, na Saúde, entre outros temas.
Com mais de uns impressionantes 200 anos de história, a Jerónimo Martins tem crescido no mercado português e também internacional, sendo actualmente uma referência na área do retalho.

Fontes utilizadas:
Grupo Jerónimo Martins - Site Oficial
Fundação Francisco Manuel dos Santos - Site Oficial

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